AJ Lee volta à WWE em Chicago e deve seguir na programação: entenda o impacto

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AJ Lee volta à WWE em Chicago e deve seguir na programação: entenda o impacto

O retorno que mexeu com a WWE em Chicago

Dez anos fora, uma música, uma frase e uma arena em erupção. No SmackDown de 5 de setembro, no Allstate Arena, em Chicago, AJ Lee saiu do passado e voltou ao centro da WWE. O timing foi calculado: em meio ao duelo pessoal entre CM Punk e Seth Rollins, com Becky Lynch envolvida até o pescoço, Punk encarou Becky no microfone e cravou que nunca colocaria as mãos em uma mulher — mas que tinha alguém que faria isso. Segundos depois, soou “Let’s Light It Up” e o público de Chicago pirou. AJ entrou, encarou Becky e as duas partiram para um confronto curto e intenso, até a campeã Intercontinental feminina recuar com a ajuda de Rollins.

O contexto vinha sendo cozinhado desde o Clash in Paris, quando Becky interferiu na luta de Punk pelo título mundial contra Rollins e bagunçou o desfecho do combate. Em casa, com CM Punk como herói local, a WWE empilhou camadas de drama para criar o palco perfeito. E funcionou. A volta de AJ foi daquelas viradas de chave que mudam o tom de uma história e abrem espaço para meses de material televisivo.

Para quem chegou agora: AJ Lee oficializou a aposentadoria em abril de 2015, citando uma lesão grave no pescoço. Antes disso, foi uma das figuras mais marcantes da chamada “Divas Era”. Tricampeã do Divas Championship, emplacou um reinado longo, levou carisma para o microfone e ajudou a transformar a conversa sobre espaço feminino na companhia. Seu golpe final, o Black Widow, e a postura de “anti-diva” viraram marca registrada. Depois do adeus, AJ trocou o ringue pelo multiverso do entretenimento: virou autora best-seller do New York Times, roteirizou HQs, trabalhou com cinema e TV e assinou funções de bastidora e de frente das câmeras.

Mesmo afastada da WWE, ela não rompeu de vez com a luta livre. Entre 2021 e 2023, integrou a Women of Wrestling (WOW), projeto apoiado por Jeanie Buss, com função fora das cordas — produção, comentário e desenvolvimento. Foi um período em que manteve a conexão com o público e testou formatos, sem assumir o risco físico de voltar a lutar.

O impacto comercial veio na hora. A Topps Now liberou cards especiais celebrando a noite em Chicago, com variações paralelas — Gold, Orange, Black, Red e a rara FoilFractor — carimbadas pelo mote do retorno “tão esperado”. É o tipo de movimento que mostra como a empresa sabe transformar momento quente em produto em questão de horas. Para os colecionadores, é memória instantânea. Para a WWE, é caixa e barulho extra em cima de um retorno que já seria grande por si só.

Do lado criativo, a volta de AJ mexe em duas frentes. Reaquece CM Punk x Seth Rollins, agora com Becky Lynch inserida de forma orgânica na trama, e turbina o noticiário da divisão feminina. A presença de uma estrela com histórico, voz e apelo fora da bolha de wrestling expande audiência, puxa curiosos e dá à WWE a chance de contar novas histórias com rosto conhecido.

O que vem agora: bastidores, calendário e impacto no negócio

A grande pergunta é simples: AJ voltou para ficar? Dentro do que se sabe hoje, a leitura nos bastidores é que não foi uma aparição isolada. A própria construção em Chicago — com inserção direta na rivalidade central da empresa — indica continuidade. Ainda assim, algumas variáveis entram no jogo.

Há a questão médica. AJ se aposentou originalmente por conta do pescoço. Em 2024 e 2025, o protocolo de liberação clínica na WWE ficou mais rígido e metódico. Atletas que retornam de problemas cervicais — casos como Edge e Bryan Danielson, em momentos anteriores — passaram por baterias extensas de exames e reabilitação antes de receber o sinal verde. No caso de AJ, a WWE tem como ajustar a participação gradualmente: menos impactos no curto prazo, presença forte em promos, aparições cronometradas e, quando fizer sentido, um primeiro combate completo.

O desenho criativo oferece vários caminhos. A empresa pode:

  • marcar uma luta solo entre AJ Lee e Becky Lynch, girando a rivalidade para o eixo feminino;
  • apostar em uma luta mista: CM Punk e AJ contra Seth Rollins e Becky Lynch, que atende público casual e hardcore ao mesmo tempo;
  • usar AJ como peça-chave em assinaturas de contratos, encrencas nos bastidores (on-screen) e segmentos de microfone, sem exigir luta toda semana;
  • posicionar AJ como enforcer convidada ou árbitra especial em um pay-per-view, mantendo o suspense para a hora da primeira luta de retorno.

Em qualquer rota, a WWE ganha tempo de tela com alto interesse. E, se AJ de fato pisa no ringue, a lista de potenciais rivais é longa: Becky, claro, mas também nomes como Rhea Ripley, Charlotte Flair, Bayley e Bianca Belair. São combinações que misturam estilos e épocas, o que costuma render em TV e em eventos premium.

No front comercial, a volta de AJ é multiplicador. Além dos cards da Topps, a tendência é aparecerem camisetas, pôsteres e colecionáveis específicos. Em dias assim, a WWE colhe números de engajamento acima da média: picos em redes sociais, buscas e visualizações de clipes oficiais. Essa onda costuma se converter em audiência de TV e, na sequência, em venda de ingressos para próximos shows — especialmente nos mercados mais quentes, como Chicago, Nova York e Filadélfia.

Há também a sinergia com CM Punk. Quando a vida real e a ficção se cruzam com cuidado, a televisão ganha textura. Punk atrai atenção por onde passa; AJ carrega seu próprio público. Juntos, eles dão à WWE um eixo narrativo que transborda o ringue. Rollins e Becky, por sua vez, são adversários perfeitos: credibilidade, tempo de tela e química com a plateia. É o tipo de rivalidade em que todo mundo sai maior — contanto que a execução respeite os limites físicos de quem está voltando de lesão.

No plano organizacional, a empresa tem opções contratuais flexíveis. Nos últimos anos, acordos por aparição, calendários reduzidos e cláusulas de proteção médica viraram padrão para retornos de nomes consagrados. Isso facilita a manutenção da aura de evento — menos lutas, mais relevância por luta — e preserva o talento. Se AJ optar por uma agenda assim, não será surpresa.

Por fim, vale olhar para a hora e o lugar do retorno. Chicago é território de CM Punk e um dos públicos mais participativos da WWE. Trazer AJ de volta ali potencializou cada reação. Essas escolhas não são acidentais. A fase criativa sob Paul Levesque aprendeu a economizar tiros e concentrar grandes momentos em ambientes que favorecem a resposta do público. O resultado foi claro: a volta foi recebida como grande acontecimento, elevando de uma vez a rivalidade principal e a conversa sobre a divisão feminina.

Fato é: a WWE montou o tabuleiro para usar AJ além de um aceno ao passado. Com a história já quente, produtos no mercado e expectativa lá em cima, o próximo passo deve aparecer rápido — seja no microfone, seja no ringue. E, pelo barulho que fez em uma só noite, a aposta de que AJ seguirá na programação tem mais lógica que nunca.

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