PP rejeita Moro no Paraná e expõe rachadura na federação com União Brasil

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PP rejeita Moro no Paraná e expõe rachadura na federação com União Brasil

A decisão do Progressistas (PP) no Paraná de rejeitar, por unanimidade, a candidatura do senador Sergio Fernando Moro ao governo estadual em 2026 não foi apenas um veto político — foi um golpe na estrutura ainda frágil da federação União Progressista, aliança recém-registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A manobra, anunciada na segunda-feira, 8 de dezembro de 2025, desencadeou uma crise que vai muito além das fronteiras do Paraná. Moro, que lidera as pesquisas de intenção de voto com 32% das preferências segundo dados do União Brasil, foi considerado por muitos o nome mais forte para suceder o governador Ratinho Júnior (PSD). Mas o PP estadual, liderado pela deputada Maria Victória, optou por não apoiar nenhum candidato externo — e já sinaliza que o caminho é com Guto Silva, secretário das Cidades e possível herdeiro político do atual governador.

Um veto que quebrou o pacto

O impasse não surgiu do nada. Nos últimos sete meses, o diretório paranaense do PP reclamou de falta de diálogo com o União Brasil. "Não houve avanços significativos, nem adesão interna que sustentasse a candidatura", afirmou uma fonte próxima à diretoria. A decisão foi tomada em reunião fechada, sem consultas prévias à cúpula nacional do PP — algo que já levantou suspeitas sobre a real coesão da federação. Enquanto isso, o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, reagiu com fúria: "Vetos arbitrários não definem a democracia. Vamos insistir na homologação da candidatura de Moro". Ele não escondeu a frustração: "O Paraná não é um território para ser dividido como se fosse um bolo".

Quem está no jogo e quem está fora

O senador Moro, de 60 anos, não se calou. Em declaração à imprensa, ele afirmou: "Política se faz com diálogo, respeito e não com vetos ou imposições arbitrárias. O Paraná anseia a boa política para a modernização que o estado e a sua população merecem." Mas a realidade é que, mesmo sendo o candidato mais popular, ele não tem legenda própria no estado. O PP, que controla a maior parte da máquina partidária local, tem poder de veto sobre o registro da candidatura — e não vai ceder. O deputado federal Ricardo Barros, do PP, foi direto: "Ele vai concorrer de qualquer forma. Só que aqui, na federação, não terá condições de registrar. Vai procurar outro partido". Isso abre uma brecha: Moro pode tentar se filiar ao PSD, ao PL ou até ao Republicanos — todos com espaço para candidatos independentes. Mas isso significaria o fim da aliança no Paraná. E o PP não está disposto a ceder. O nome de Guto Silva, embora ainda não oficializado, já é tratado como favorito entre os aliados do governador Ratinho Júnior. Outros nomes como Alexandre Curi e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, também estão na mira. Mas o PSD, por enquanto, prefere manter a calma. "Vamos decidir de forma conjunta e democrática", disse Maria Victória.

Um pacto nacional em frangalhos

A crise no Paraná não é isolada. Na Paraíba, o PP local quer lançar o vice-governador Lucas Ribeiro, mas o União Brasil local, com apoio de Michelle Bolsonaro (PL), insiste em lançar Efraim Filho. Em Pernambuco, a disputa entre o PP e o União Brasil já levou à saída do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, que trocou o PP pelo MDB para concorrer ao governo. O padrão é claro: enquanto a federação promete unir forças, os diretórios estaduais agem como entidades soberanas — e muitas vezes incompatíveis. O analista político Pedro Venceslau, da CNN, apontou um detalhe crucial: "O União Brasil também não está totalmente comprometido. Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado conseguiu apenas 10 das 40 inserções que o partido tem direito para sua campanha nacional. Isso mostra que o apoio é seletivo, não estratégico".

O que vem a seguir

O estatuto da federação, ainda sob análise do TSE, prevê um mecanismo de desempate: se os diretórios estaduais não chegarem a um consenso até as convenções de 2026, a direção nacional da União Progressista terá o poder de definir o candidato único. Mas será que isso resolve? O problema é que a direção nacional já está dividida. O presidente do PP, Ciro Nogueira, disse publicamente que "jamais ficarei contra a decisão do diretório do Paraná" — uma frase que soa como um recado: a unidade nacional não vale mais do que o poder local. A consequência? A aliança, que reúne sete governadores, 1.343 prefeitos, 14 senadores e mais de 12 mil vereadores, corre o risco de se tornar um simples agrupamento eleitoral sem identidade. "É um ajuntamento que tenta somar força sem somar ideia", escreveu o jornal JC/UOL. E no Paraná, onde o eleitor já está cansado de disputas internas, a frustração cresce.

Um novo mapa político

Agora, o cenário se divide. Se o PP mantiver sua posição, Moro pode sair da federação e buscar apoio fora — o que enfraqueceria o bloco. Se o União Brasil insistir em impor Moro, o PP pode se retirar da aliança no Paraná, desmontando o pacto estadual. E se o TSE aprovar a federação sem resolver os conflitos internos? Aí o risco é maior: eleições fragmentadas, votos divididos, e o eleitor punindo todos os envolvidos. Ainda não há data para a próxima reunião entre as lideranças nacionais. Mas o relógio corre. E o Paraná, um dos estados mais importantes do Sul, pode se tornar o primeiro grande campo de batalha da próxima eleição — não entre esquerda e direita, mas entre o poder local e o desejo de centralização.

Frequently Asked Questions

Por que o PP rejeitou Sergio Moro se ele lidera as pesquisas?

O PP paranaense não contesta a popularidade de Moro, mas acredita que a candidatura deve vir de dentro da base do governador Ratinho Júnior, não de um senador de outro partido. A sigla teme perder controle da máquina eleitoral e acredita que Guto Silva, seu aliado direto, tem mais chances de manter a estabilidade. Além disso, o PP alega que o União Brasil não demonstrou compromisso real com a aliança nos últimos sete meses.

O que acontece se Moro tentar se filiar a outro partido?

Se Moro migrar para o PSD, PL ou Republicanos, ele perde o apoio da federação União Progressista no Paraná, mas ganha liberdade para disputar a eleição com legenda própria. O problema é que isso pode dividir o voto de direita e beneficiar candidatos da oposição. Além disso, o PP pode retaliar, retirando apoio de candidatos do União Brasil em outras regiões do estado.

A federação União Progressista ainda tem chance de sobreviver?

Ainda tem, mas apenas se as lideranças nacionais imporem disciplina — o que é improvável. A federação já enfrenta conflitos em Pernambuco, Paraíba e Goiás. Sem um comando central forte e com diretórios estaduais agindo como entidades autônomas, o pacto corre o risco de se tornar uma aliança de papel, sem efetividade eleitoral real.

Quem são os principais nomes que podem suceder Ratinho Júnior no Paraná?

Guto Silva, secretário das Cidades, é o favorito do PP e do PSD. Mas o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, e o deputado Alexandre Curi também estão na disputa. Ambos têm perfil técnico e apoio dentro do PSD. A escolha ainda não foi definida, mas o PP quer manter o controle da sucessão, evitando que um candidato externo, como Moro, domine o processo.

Qual é o papel do TSE nesse impasse?

O TSE ainda não decidiu sobre o registro da federação União Progressista. Se aprová-la sem exigir regras claras de disputa interna, o tribunal estará permitindo que conflitos locais desestabilizem a aliança. Caso contrário, pode impor regras de consenso, o que forçaria os partidos a negociar — mas isso exigiria uma intervenção inédita na política partidária brasileira.

Como essa crise afeta as eleições presidenciais de 2026?

A instabilidade na União Progressista enfraquece o bloco de centro-direita que poderia unificar forças contra o PT. Se Moro for derrotado no Paraná ou sair da aliança, isso pode desencadear uma reação em cadeia em outros estados, onde o União Brasil e o PP também estão em disputa. Isso pode beneficiar candidaturas isoladas, como a de Caiado ou até a de Bolsonaro, e fragmentar ainda mais o campo opositor.

Política

3 Comentários

  • Mariana Moreira
    Mariana Moreira diz:
    dezembro 18, 2025 at 17:31
    Então o PP tá com medo de perder o controle? Sério? Moro lidera as pesquisas e eles preferem um secretário que ninguém conhece?! Isso não é política, é feudo!!! E ainda querem se chamar de "federação"? Kkkkkk, isso é um condomínio de partidos com direito a veto arbitrário!!!
  • Volney Nazareno
    Volney Nazareno diz:
    dezembro 18, 2025 at 18:22
    A decisão do diretório paranaense do Progressistas é legítima, considerando os protocolos partidários e a autonomia estatutária dos órgãos regionais. A federação, por sua vez, carece de mecanismos de coordenação eficazes, o que torna a situação complexa do ponto de vista jurídico-institucional.
  • Rodrigo Eduardo
    Rodrigo Eduardo diz:
    dezembro 18, 2025 at 19:39
    Moro nao tem legenda no pr e o pp ta com medo de perder o poder isso é tudo

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