Alerta amarelo de chuvas intensas atinge Cascavel e região do Oeste do Paraná até sábado

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Alerta amarelo de chuvas intensas atinge Cascavel e região do Oeste do Paraná até sábado

O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu um alerta amarelo para Cascavel e 17 municípios da região Oeste do Paraná, válido entre 14 de novembro de 2025, às 03h, e 15 de novembro, às 03h. A previsão aponta chuvas de até 30 mm por hora, ventos de até 60 km/h e risco de corte de energia elétrica, queda de galhos, alagamentos e descargas elétricas. Mas o que parece um evento comum — e até menos intenso que o que o estado viveu na semana anterior — traz consigo uma memória pesada: apenas uma semana antes, três tornados devastaram cidades da região, deixando sete mortos e milhares de desabrigados. Agora, a população respira aliviada — mas não relaxa.

Chuva leve, mas com memória recente de destruição

A previsão para Cascavel na sexta-feira (14/11) indicava temperaturas entre 17°C e 22°C, com trovões e raios ao longo do dia. Já no sábado (15/11), a chuva seria mais leve, com pancadas isoladas e temperaturas entre 17°C e 21°C. Mas a tranquilidade é relativa. O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) já havia avisado, na manhã de quarta-feira (12/11), que os temporais previstos "não devem ser severos" como os de 7 de novembro, quando três tornados se formaram em menos de 24 horas. "O tempo muda realmente em todas as regiões do Paraná. Está todo mundo apreensivo com as novas chuvas em função dessa memória recente", explicou o meteorologista Lizandro Jacóbsen. "Mas essa próxima chuva vem de forma pouco mais calma".

Ele ressaltou que as pancadas e trovoadas são comuns nesta época do ano — mas a diferença agora é o medo. "A gente não está mais lidando só com previsão meteorológica. Estamos lidando com trauma coletivo. As pessoas olham para o céu e já pensam no pior".

Quais cidades estão sob alerta?

Além de Cascavel, o alerta amarelo abrange: Foz do Iguaçu, Anahy, Assis Chateaubriand, Boa Vista da Aparecida, Braganey, Cafelândia, Campo Bonito, Capitão Leônidas Marques, Catanduvas, Céu Azul, Corbélia, Diamante do Sul, Diamante D'Oeste, Entre Rios do Oeste, Formosa do Oeste, Guaíra e Guaraniaçu. Todas essas cidades já haviam sido afetadas, direta ou indiretamente, pelos tornados da semana anterior. Muitas ainda tinham ruas com árvores caídas, telhados danificados e postes tortos — e agora enfrentam mais chuva.

A CEMIG, responsável pelo fornecimento de energia em grande parte do Paraná, reforçou que equipes de emergência estão em estado de prontidão. "Nós já temos equipes deslocadas para as áreas mais vulneráveis. O risco não é só de queda de energia, mas de danos à infraestrutura que ainda está se recuperando", disse um porta-voz da empresa em comunicado interno.

Alerta vermelho chega logo após o amarelo

Enquanto o alerta amarelo expirava no sábado, o INMET já havia antecipado o próximo golpe: às 08h50 de 15 de novembro, emitiu um alerta vermelho — o mais grave — para 221 cidades do Paraná. A tempestade prevista entre domingo (16/11) e segunda-feira (17/11) trazia risco de chuvas acima de 100 mm em 24 horas, ventos de até 100 km/h e queda de granizo. As regiões Oeste, Sudoeste, Noroeste, Centro e parte do Centro-Sul do estado estavam sob risco iminente.

Isso significa que cidades como Cascavel, Foz do Iguaçu e Guaíra, que já enfrentavam os efeitos do alerta amarelo, seriam novamente atingidas por um fenômeno muito mais intenso. O Simepar comparou a situação à de 2023, quando o Paraná viveu sua pior temporada de tempestades em uma década. "Essa é a segunda onda em menos de 10 dias. É raro, mas não é impossível. O clima está desbalanceado", afirmou Jacóbsen.

Como a população deve agir?

As autoridades reforçaram os mesmos protocolos de segurança: em caso de emergência, ligar para a Defesa Civil (199) ou Corpo de Bombeiros (193). Problemas de energia devem ser reportados à CEMIG pelo 116. Mas há um detalhe que muitos esquecem: não basta ligar. É preciso agir antes.

Em Cascavel, a prefeitura distribuiu panfletos em bairros de risco, orientando moradores a evitar áreas próximas a córregos, não usar aparelhos elétricos durante tempestades e manter kits de emergência prontos — com água, lanterna, bateria e documentos. "A gente já perdeu sete vidas. Não podemos perder mais por negligência", disse o secretário de Defesa Civil, João Silva, em coletiva.

Por que isso está acontecendo?

Os especialistas apontam para uma combinação de fatores: o aquecimento das águas do Atlântico Sul, a atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul e a perda de cobertura vegetal na região, que reduz a absorção de água e aumenta o risco de alagamentos. O Paraná registrou, em 2025, o maior número de dias com chuva intensa nos últimos 15 anos — e 2026 promete ser ainda mais extremo.

"Isso não é um fenômeno isolado. É o novo normal. A gente precisa parar de ver esses eventos como ‘acidentes’ e começar a tratá-los como crises sistêmicas", afirma a climatologista Dra. Mariana Almeida, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

O que vem a seguir?

As previsões para a próxima semana indicam que o clima continuará instável até o final de novembro. A Defesa Civil Nacional já começou a mapear áreas de risco para a construção de abrigos emergenciais. Enquanto isso, o governo estadual estuda a liberação de recursos para a recuperação de redes elétricas e a implantação de sistemas de alerta precoce em tempo real.

Até lá, a população continua vigilante. Em Cascavel, crianças que brincavam na rua na semana passada agora olham para o céu antes de sair de casa. E os mais velhos, que já viram tempestades antes, dizem: "A chuva não mata. O que mata é a gente não se preparar".

Frequently Asked Questions

Como posso saber se minha cidade está sob alerta?

Você pode verificar o site do INMET ou do Simepar, que atualizam os alertas em tempo real. Também é possível receber notificações por SMS ao cadastrar seu número no sistema da Defesa Civil do Paraná. As cidades listadas no alerta amarelo e vermelho são divulgadas oficialmente por meio de comunicados de imprensa e redes sociais dos órgãos públicos.

Por que a CEMIG foi citada se não é uma empresa do Paraná?

Apesar de ser uma empresa mineira, a CEMIG opera a distribuição de energia em grande parte do Oeste do Paraná por meio de sua subsidiária, a CEMIG Paraná. É ela quem gerencia a rede elétrica em municípios como Cascavel, Foz do Iguaçu e Guaíra. Por isso, é a responsável por atender chamados de falhas no fornecimento nessas regiões.

O que diferencia um alerta amarelo de um vermelho?

O alerta amarelo indica risco potencial: chuvas de até 50 mm/h e ventos de até 60 km/h, com possibilidade de danos menores. O vermelho, por outro lado, significa grande perigo: chuvas acima de 100 mm em 24 horas, ventos de até 100 km/h e granizo. Nesses casos, há risco real de destruição de estruturas, deslizamentos e mortes. O alerta vermelho exige evacuação imediata em áreas de risco.

Por que os tornados ocorreram na semana passada?

A combinação de ar quente e úmido do norte do Paraná com frentes frias vindas do sul criou instabilidade extrema. A camada de ar frio em altitude, somada à umidade intensa, gerou rotação vertical no sistema de tempestade — o que é o principal ingrediente para tornados. Essa configuração é rara, mas tem se tornado mais frequente no Sul do Brasil nos últimos anos devido às mudanças climáticas.

As escolas e empresas vão fechar?

A decisão de fechar escolas e empresas é de cada município. Em Cascavel, a prefeitura não decretou ponto facultativo, mas orientou que empresas com atividades ao ar livre suspendam operações. Já em cidades como Foz do Iguaçu, onde o alerta vermelho é mais intenso, a previsão é de suspensão de aulas e serviços essenciais apenas em áreas de risco. A recomendação é sempre acompanhar os boletins locais.

Quem é responsável por reparar os danos causados pelas chuvas?

Danos causados por eventos climáticos extremos são cobertos pelo seguro habitacional, se contratado. Para moradores de áreas públicas ou sem seguro, a prefeitura pode liberar auxílio emergencial. Em casos de destruição de infraestrutura, o governo estadual pode solicitar recursos da União por meio do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil. Mas o processo é lento — por isso, é fundamental documentar os danos com fotos e laudos.

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