Milícias: o que são e por que importam
Se você já ouviu falar de milícia, provavelmente imagina um bando armado que age à margem da lei. Na prática, milícias são organizações que surgem em áreas onde o Estado falha, oferecendo serviços de segurança, coleta de lixo, controle de comércio, mas cobrando por isso. O dinheiro vem de taxas, extorsões e até negócios ilícitos como tráfico de drogas e venda de armas.
Esses grupos costumam ser formados por ex-policiais, bombeiros, militares e civis que conhecem bem o funcionamento da segurança pública. Eles aproveitam a falta de presença do Estado para criar um monopólio informal, fazendo a comunidade pagar por "proteção" que, na maioria das vezes, inclui intimidar quem não paga.
Como surgem as milícias?
A origem geralmente tem dois gatilhos: a vulnerabilidade das áreas periféricas e a corrupção nas instituições. Quando a polícia não chega ou chega de forma esporádica, moradores buscam alternativas. Ex‑militares ou policiais descontentes veem nisso uma oportunidade de ganhar dinheiro rápido, montando esquemas de cobrança. Eles se organizam em redes, criam frontes empresariais – como empresas de limpeza, transporte ou segurança – e passam a dominar as ruas.
Com o tempo, a estrutura se solidifica. Eles recrutam jovens da comunidade, oferecem empregos que o mercado formal não oferece e consolidam a lealdade. O resultado é um território quase fechado, onde a lei oficial tem pouca influência e a milícia define as regras.
Impactos na vida cotidiana
Para quem mora sob o domínio de uma milícia, a rotina muda. Taxas de segurança são cobradas mensalmente, e quem tenta abrir um comércio sem a autorização do grupo pode ter o estabelecimento fechado ou sofrer violência. O medo de retaliação limita a liberdade de expressão e impede a denúncia de abusos.
Além disso, a presença das milícias costuma aumentar a violência contra opositores e piorar a segurança geral, pois o grupo frequentemente se envolve com o tráfico de drogas para financiar suas atividades. A população acaba presa entre duas forças criminosas: o tráfico tradicional e a milícia, cada uma cobrando seu preço.
Do ponto de vista do Estado, as milícias minam a confiança nas instituições. Quando a polícia parece cúmplice ou impotente, a população perde a esperança de que a justiça funcione. Isso cria um ciclo de desconfiança que reforça o poder da milícia.
Para combater esse problema, é preciso uma combinação de ação policial eficaz, políticas sociais que melhorem a qualidade de vida nas periferias e fiscalização rigorosa de concessões de serviços. Programas de inclusão de jovens, oferecendo educação e emprego formal, também ajudam a reduzir o recrutamento de novos membros.
Em resumo, as milícias são um sintoma de falhas estruturais no Estado. Elas surgem onde há vácuo de segurança, se institucionalizam via extorsão e deixam um rastro de medo e injustiça. Entender como funcionam e quem se beneficia é o primeiro passo para pensar em soluções que devolvam a paz e a ordem às comunidades afetadas.

Chiquinho Brazão nega ligação com milícias e reitera inocência no caso Marielle ao Conselho de Ética
No dia 16 de julho de 2024, o deputado federal Chiquinho Brazão (Sem Partido-RJ) compareceu ao Conselho de Ética para responder a acusações relacionadas ao caso Marielle. Durante a audiência, Brazão negou enfaticamente seu envolvimento com milícias e afirmou sua inocência. O caso Marielle se refere ao assassinato da política e ativista de direitos humanos Marielle Franco, ocorrido em 2018.
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